Todos os dias o aposentado José Ramos, de 82 anos, ⇧ cumpre uma dura rotina em meio à paisagem seca do Povoado de Abelhas, em Vitória da Conquista, a 509 km de Salvador. Com baldes vazios, ele percorre a estrada de chão, por 12 km, até chegar ao único local onde ainda se encontra água para as necessidades do dia-a-dia.
Imagens registradas por Alessandro Ramos
A situação se agravou após a perda de vazão do único poço artesiano da comunidade, num terreno particular, a 3 km da sede do povoado, que abastecia cerca de mil moradores de Abelhas. Muitos chegam a ficar até 30 dias sem água potável. “Estamos enfrentando um grande problema com falta d’água, pois o poço não tem vazão suficiente”, reforça o morador Alessandro Ramos.⇩
De acordo com ele, como a média é de 70 litros por pessoa na comunidade, o consumo chega a 70 mil litros, o que não tem sido garantido por causa dos problemas no poço artesiano. Para agravar o quadro, a bomba d’água apresentou problema e está em manutenção há pouco mais de 10 dias.
Mas, mesmo que ela retorne, fará pouca diferença, já que não há o que captar. “A Prefeitura quer tapar o sol com a peneira. Tem que abrir novos poços”, defende o morador, lembrando que em Abelhas havia um reservatório de 10 mil litros. “A água era bombeada e jogada na caixa, mas há quatro anos ela se rompeu e, de lá pra cá, somente promessas de um novo reservatório e um novo poço”.
A denúncia dos moradores foi levada ao plenário da Câmara Municipal, na sessão do dia 3, pelo vereador Adnilson Pereira (PSB). Ele disse que a falta de água na zona rural deva ser uma preocupação da Câmara e do Poder Executivo.
Adinilson alertou que o verão nem começou, a situação da falta de água já está uma calamidade pública. Ele conta que no ano passado, já havia feito uma indicação preocupado com o poço artesiano do povoado de Abelhas, e o caso ganhou repercussão esta semana.
“O poder público também tem que mostrar sua preocupação como nós estamos tendo”, pontuou. “É preciso construir um reservatório e dar manutenção ao poço artesiano do povoado”, solicitou. A Prefeitura não se manifestou.